O Canto das Sementes I

 


O Canto das Sementes I


Concertos:

14 a 19 de Dezembro de 2023

5ª feira, 14 de Dez 2023, 19h30, Lisboa Incomum, Lisboa


“O Canto das Sementes” é um projecto que reúne 4 jovens compositores em formação ou recém formados pelas 4 instituições de ensino superior da composição em Portugal (ESMAE - Porto, ESML - Lisboa, Universidade de Aveiro e Universidade de Évora): César Rafael Cordeiro (UÉ), João Pacheco (ESML), Daiana Maciel da Silva (UA) e Ema Ferreira (ESMAE).

Estes artistas emergentes são orientados pelo compositor Dimitris Andrikopoulos, que actuar simultaneamente como compositor e tutor deste projecto, para a criação de um espectáculo único sob uma janela de oportunidade de contacto com o panorama musical internacional. Pretendemos fomentar o germinar das novas gerações de criadores através de uma plataforma que fomenta a sua projecção internacional, passando a ter o seu repertório nas mãos de um grupo internacional que realiza concertos regulares na europa central e que procura novas peças para a sua formação instrumental.

Para a edição de 2023, as convidadas são a violoncelista Katharina Gross (Áustria e Holanda) e a clarinetista Fie Schouten (Holanda), que acompanharão os alunos em sessões telemáticas e que virão a Portugal para uma residência com os 5 artistas (4 jovens e um tutor), no espaço Lisboa Incomum, onde as obras serão estreadas, ensaiadas e gravadas.

O concerto de estreia do projecto, no espaço Lisboa Incomum, realizar-se-á no dia 14 de Dezembro de 2023, pelas 19h30 - entrada gratuita, mediante reserva para [email protected].

O concerto será repetido na Casa Municipal da Cultura de Seia, onde os criadores farão uma sessão pedagógica para os jovens alunos do Conservatório de Música de Seia e Escola Profissional da Serra da Estrela, e na ESMAE, no Porto.


Programa:

Ema Ferreirajardins de cristais (2023)* **

César RafaelOde Marítima (2023)* **

João PachecoPrimordial (2023)*

Daiana MacielOnly One (2023)* **

Dimitris AndrikopoulosWhen you see... (2023)* **

Kunsu Shimvery very still (2023)

Gerhard Stäblerdunkel - im aschenen Dämmer (2009)


*encomenda Projecto DME
**estreia absoluta


Notas de Programa:

Ema Ferreira: jardins de cristais (2023)

Entre o silêncio e o barulho, entre a natureza e a cidade: ouvem-se as gaivotas, os pavões e os galos contra as motas, os carros e as suas buzinas.
Dentro este choque de sons, dentro deste choque de significados.


César Rafael Mendes CordeiroOde Marítima (2023) 

A 'Ode Marítima' é uma viagem sinestésica e introspetiva que evoca a célebre obra homónima de Álvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pessoa. A jornada inicia-se na placidez da orla marítima, onde a quietude é pontualmente interrompida pelo murmúrio das ondas e o eco dos gritos das gaivotas, em consonância com os sons metálicos dos navios. Esta orquestração da natureza vai entrelaçando uma complexa tapeçaria sensorial desprendendo-nos progressivamente do mundo palpável e seduzindo-nos para as profundezas da fantasia. Como num devaneio, somos levados e trazidos em ondas de pensamento, onde a realidade se entrelaça com a imaginação. Esta dança dos elementos, por vezes suave, por vezes tempestuosa, constitui o pulsar vital desta composição, prometendo submergir o espectador numa epopeia que navega pelo sensorial e pelo contemplativo, espelhando as marés emocionais que nos vinculam ao mundo à nossa volta. 


João PachecoPrimordial (2023)

Uma peça que imagina uma dança pagã onde dois corpos se expressam intensamente. Gestos bruscos e ritmos obsessivos são contrastados por momentos solenes neste ritual dedicado às forças primordiais.



Daiana MacielOnly One (2023)

Esta peça faz parte de uma série de obras musicais participativas compostas na estrutura de diferentes tipos de jogos. "OnlyOne" baseia-se na estrutura de um party game cooperativo onde o público dará dicas ao performer sobre a secção que deverá ser tocada. Cada secção é uma narrativa sobre diferentes sítios da cidade de Lisboa.


Dimitris AndrikopoulosWhen you see... (2023)

“When you see...” é baseado no poema “When you see millions of bouthless dead” de Charles HamiltonSorley.

When you see millions of the mouthless dead
Across your dreams in pale battalions go,
Say not soft things as other men have said,
That you'll remember. For you need not so.
Give them not praise. For, deaf, how should they know It is not curses heaped on each gashed head?
Nor tears. Their blind eyes see not your tears flow. Nor honour. It is easy to be dead.
Say only this, “They are dead.” Then add thereto, “Yet many a better one has died before.”
Then, scanning all the o'ercrowded mass, should you Perceive one face that you loved heretofore,
It is a spook. None wears the face you knew.
Great death has made all his for evermore.

“When you see...” é uma encomenda do Project DME e foi escrito para Fie Schouten e Katharina Gross.


Biografias:


A violoncelista Katharina Gross foi seleccionada pelo Mondriaan Fund e pelo Performing Arts Fund NL 2020 para uma residência artística na Casa Van Doesburg em Paris, onde trabalhou durante quatro meses no Verão de 2020 (e 2021) em novos projectos musicais, incluindo Transformation, uma nova obra de Aurélio Edler-Copes a estrear durante a Gaudeamus Muziekweek em Utrecht, em Setembro de 2022, e a sua própria performance de teatro musical Sehnsucht, estreada durante a Bienal de Violoncelo de Amesterdão 2020.
Trabalha intensivamente em parceria com o compositor holandês Jan van de Putte. No Festival de Música de Novembro estreou a sua obra a solo Vorsicht, Katharina!, também lançada em CD pelos concertello records, apoiada pelo Fundo de Produção Musical Sena Performers. Jan van de Putte escreveu também Keine Bewegung for Katharina, que a interpretou como solista com a orkest de ereprijs, e Aanraken ("Touching") para violoncelo e piano.
www.katharinagross.at

Katharina Gross @LucasKemper


A clarinetista holandesa Fie Schouten é uma especialista de Amesterdão na execução de nova música, composta e improvisada, com preferência por tocar nos clarinetes baixos. Schouten pode ser ouvida extensivamente como solista e com os seus próprios grupos. Trabalha com os violoncelistas Katharina Gross e Vincent Courtois, o pianista Guus Janssen, a percussionista Tatiana Koleva e é, desde há 15 anos, músico convidado do Ensemble Musikfabrik alemão. Cerca de 100 peças foram escritas para ela, que estreou em várias formações.  Concertos recentes (2023) foram em Hagen, Alemanha (Ensemble Musikfabrik, ópera Peter Eötvös), Den Haag (Festival Rewire), Amesterdão (Orgelpark), Haarlem (Pletterij), Glendale USA (Low Clarinet Festival).

Fie Schouten é Diretora Artística de um festival de clarinete baixo intitulado 'Basklarinet Festijn' com quatro edições desde 2014. Schouten produziu 12 CD's, lançados pelas editoras holandesas Attacca, Trytone, Karnatic Lab Records, pela editora austríaca Kairos e pela editora americana Relative Pitch Records. Em 2019, Fie Schouten recebeu o 1º Prémio Fair Practice Compositioncommission da Nieuw Geneco (associação de compositores) pelo seu impacto na cena musical dos Países Baixos, uma inspiração para muitos e com atenção para a Fair Practice.

É, desde 2013, professora de clarinete baixo e música contemporânea no Conservatório Prince Claus de Groningen e foi professora convidada na Academia de Música e Dança de Jerusalém, Israel (2019), na Academia de Música e Teatro da Estónia, Tallinn, Estónia (2018), na Universität für Musik und Darstellende Kunst Wien, Áustria (2017), na Academia de Artes de Chicago, EUA (2016), na Codarts Rotterdam, NL (2015-2016).

Schouten estudou no Conservatório de Amesterdão e obteve os seus diplomas em clarinete (Bacharelato 1999) e clarinete baixo (Bacharelato 2001, Mestrado 2003) e cita o clarinetista baixo Harry Sparnaay como o seu professor e treinador mais importante.

http://fieschouten.nl/
https://fieschoutenclarinets.bandcamp.com/

@MichelMarang


Dimitris Andrikopoulos nasceu em 1971 em Larissa (Grécia). Começou os seus estudos de composição na Holanda, em Roterdão com Klaas de Vries que concluiu em maio de 2004, e ao mesmo tempo, foi lhe atribuído o Prémio de Composição da Escola Superior de Música e Dança de Roterdão. Foi selecionado como Participante Ativo para o “Centre Acanthes 2005” em Metz onde trabalhou com W. Rihm, P. Dusapin e A. Solbiati. Colaborou com vários grupos, como o Asko Ensemble, Mondrian Quartet, Remix Ensemble, ARTéfacts Ensemble, Nederlands Ballet Orkest, entre outros. Em 2012 foi-lhe atribuído o “ITEA / Harvey Phillips Award for Excellence in Composition” para a obra “Anathema I”. Em 2013 concluiu com sucesso o seu Doutoramento em Composição (PhD) na Universidade de Birmingham. Desde 2004 é docente de composição na Escola Superior de Música, Artes e Espetáculo (ESMAE) do Instituto Politécnico do Porto. A partir de dezembro de 2021 ingressa como Visiting Scholar na Área de Artes e Humanidades da Universidade de NYU-Abu Dhabi.
www.dimitrisandrikopoulos.com

Dimitris Andrikopoulos



Nascido a 4 de janeiro de 2001, na cidade de Vila Real, César Rafael iniciou a sua jornada musical no Conservatório de Vila Real, focando-se na interpretação em trompete. No 10º ano, realizou uma transição para uma escola profissional em Mirandela, onde começou a aprofundar os seus conhecimentos em composição por meio de aulas particulares ministradas pelo Professor Diogo Silva.
Em 2020, ingressou na Universidade de Évora, inscrevendo-se na Licenciatura em Música com especialização em composição. Durante este percurso académico, teve o privilégio de estudar sob a orientação dos Professores Christopher Bochmann, Hugo Ribeiro e Pedro Amaral. Durante esse período, teve a oportunidade de colaborar com diversos músicos nas estreias e execuções das suas composições.
Além disso, César teve a valiosa oportunidade de enriquecer a sua formação por meio da participação numa masterclasse conduzida pelo compositor Luís Naon, em aulas abertas ministradas pelos professores Sara Carvalho e Evgueni Zoudilkine, bem como no projeto "Canto das Sementes," organizado pelo Projecto DME e orientado pelo Professor Dimitris Andrikopoulos.
Recentemente foi laureado com o prestigiado primeiro lugar no concurso Prémio Composição SPA/Antena 2 | 2023, com a sua peça "Auto Retrato". Este reconhecimento levou à estreia da sua obra pela Orquestra Gulbenkian, no concerto de encerramento do Festival Jovens Músicos 2023.
Atualmente, encontra-se matriculado no Mestrado em Ensino de Música na Universidade de Évora, onde continua a aprimorar seus conhecimentos sob a orientação do Professor Pedro Amaral.

César Rafael


Daiana Maciel é compositora e maestrina, doutoranda e mestre em Música pela Universidade de Aveiro na área de Composição. Bacharel em Composição Orquestral pela Universidade Federal da Bahia/Brasil, em Composição Coral pela Faculdade Seminário Teológico Batista do Norte de Brasil/Recife, e pós-graduada em Direção Coral pela também Universidade Federal da Bahia.
Atua há 20 anos no Ensino da Música (Instrumentação) e na Direção de Coros. Estudou composição musical com Paulo Costa Lima, Wellington Gomes e Sara Carvalho. Como maestrina, atuou regendo coros e orquestras em Festivais Internacionais sob a orientação dos maestros Jean Reis, Isaac Karabtchevsky e Sara Lynn Baird. Atualmente tem pesquisado sobre gamification, com propostas de composições na estrutura de jogos de tabuleiro, e sobre a experiência do público em concertos-jogo.

Daiana Maciel


Ema Ferreira é uma compositora e artista multimédia portuguesa, natural da Covilhã. Tem especial interesse na música electroacústica e na relação entre imagem, som e interactividade no contexto áudio e audiovisual. 

Entre 2021 e 2022 foi artista residente no projecto europeu IMPROVISA – Life in Motion e viu o seu projeto Quero ir - para voz e electrónica fixa, em colaboração com a soprano Beatriz Ramos – ser apresentado em vários programas, como por exemplo o Projeções 2022. Até à data as suas obras e projectos foram apresentados em Portugal, na Escócia, na Suécia, em França, nos Países Baixos, no México e nos Estados Unidos da América.

Em 2021, licenciou-se em Música – Composição, pela Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo (ESMAE) e durante o inverno de 2020/21 estudou Composição na Kungliga Musikhögskolan, em Estocolmo, ao abrigo do programa Erasmus. Actualmente frequenta, simultaneamente, o Mestrado em Composição na ESMAE e o Mestrado em Sistemas e Media Interactivos na Escola Superior de Media Artes e Design. Paralelamente, desde 2023 é assistente de produção da Sekoia – Artes Performativas.

Ema Ferreira


Natural de Lagos, João Filipe Guerreiro Pacheco nasceu em 1998. Começou e concluiu os primeiros estudos musicais na mesma cidade interessando-se inicialmente pelo saxofone, mas decidindo terminar o curso secundário na variante de Composição com Helena Rita, juntamente com o 8o grau de piano com João Rosa. De seguida, ingressou na Escola Superior de Música de Lisboa, onde terminou a licenciatura em Composição e atualmente frequenta o Mestrado em Ensino de Música na mesma variante, tento trabalhado com João Madureira, Sérgio Azevedo, Luís Tinoco e Carlos Caires.
Como compositor, tem participado em projetos multidisciplinares que incluem campos como a composição coreográfica, o vídeo, a ilustração, as artes plásticas e o teatro de sombras, tanto em contextos de laboratório experimental, como em contextos de colaboração e inclusão com o público local.

João Pacheco