Cultura & Sustentabilidade 2024
Cultura & Sustentabilidade
8ª Edição
22 a 24 de Novembro de 2024 | Lisboa Incomum
O evento ‘Cultura e Sustentabilidade’ é coorganizado anualmente pelo Projecto DME no espaço Lisboa Incomum.
Contando com sete edições desde 2017 (ano de inauguração do espaço lisboeta), tem como objetivo fomentar uma discussão interdisciplinar (artística, científica, política) sobre os papéis que as práticas artísticas podem assumir para a consciencialização ambiental, intervindo na discussão sobre temas como a sustentabilidade e a ecologia. Esta discussão é feita entre o público e os convidados do evento através de diferentes tipos de actividades como conferências, concertos e workshops.
À semelhança das últimas duas edições, o evento conta com a co-organização do CCMAR - Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve e está de regresso nos dias 22, 23 e 24 de Novembro. Sob o mote “Espécies em extinção”, a programação desta edição contempla três concertos, quatro conferências, um workshop, uma ‘sala de escuta’ e um mercado.
Produção: Projecto DME-Lisboa Incomum
Co-organização: CCMAR - Prof. Rui Borges e Profª. Isabel Barrote
22 de Novembro (Sexta-feira)
19h30 – Keynote Alfredo Sendim (Herdade do Freixo do Meio)- A Transformação e monopolização da paisagem e a manutenção de ecossistemas complexos
20h30 – 21h00 – Convívio
21h00 – Concerto de abertura: “Ladrem, Pardais!”
23 de Novembro (Sábado)
11h00 – 12h00 – Keynote Manuela David- Herbários são meras plantas secas arrumadas numa estante?
14h30 – 18h00 – Conferências CCMAR/IPMA
João Silva (CCMAR) – O papel das plantas marinhas no oceano do futuro
Pedro Guerreiro (CCMAR) – Crónica de várias extinções anunciadas - Dos peixes-gelo e outros inquilinos da Antártida às novas invasões mais perto de casa
Pedro Guerreiro (CCMAR) – Crónica de várias extinções anunciadas - Dos peixes-gelo e outros inquilinos da Antártida às novas invasões mais perto de casa
Laura Ribeiro (IPMA) – Aquacultura e Sustentabilidade: Produção de Alimentos com Responsabilidade Ambiental
18h00 – 19h00 – Convívio
19h30 – Projecto "Terrain Vagues | Blooming Landscapes" - Neumerz
24 de Novembro (Domingo)
11h00 – 18h30 – Mercado Sustentável
14h30 – 15h30 – Workshop (a anunciar)
16h00 – 17h00 – Concerto dos alunos do Laboratório de Música Mista e Acusmática da Escola Superior de Música de Lisboa
17h30 – 18h30 – Convívio
As actividades têm entrada gratuita mediante preenchimento do formulário de inscrição.
Dia 22 de Novembro, às 19h30
Alfredo Sendim (Herdade do Freixo do Meio)
A transformação e monopolização da paisagem apresentam desafios cada vez mais actuais, sendo que a manutenção de ecossistemas complexos depende do equilíbrio do mosaico de passagem.
Analisar-se-ão as implicações desta questão em várias dimensões inter-relacionadas, tais como: soberania alimentar, saúde pública, alterações climáticas e cultura.
Afredo Sendim possui uma formação académica focada nas áreas da economia agrícola e da engenharia zootécnica. Com uma Licenciatura em Engenharia Zootécnica pela Universidade de Évora, continuou os seus estudos especializando-se em diversas vertentes da agricultura e da economia rural. Obteve o grau de Mestre em Economia Agrícola também pela Universidade de Évora e prosseguiu com um Master of Science em Comercialización de Productos Agrarios y Alimentarios no Centro Internacional de Altos Estudos Agronómicos Mediterrâneos (CIHEAM), em Saragoça, Espanha. Além disso, concluiu uma pós-graduação em Agricultural Business Management no Instituto Agronómico de Chania, na Grécia, novamente no âmbito do CIHEAM.
Com uma vasta experiência no setor agropecuário, Alfredo Sendim é administrador de várias empresas nacionais, especialmente na região do Alentejo, dedicadas à produção agro-silvo-pecuária, à agroindústria e à comercialização de produtos rurais. Além disso, tem desempenhado um papel activo como dirigente associativo rural, liderando organizações de produção, transformação e comércio, além de serviços de representação do setor agrícola
Tem também uma carreira no ensino superior, como professor assistente convidado no departamento de Gestão de Empresas da Universidade de Évora, onde leciona a disciplina de Comercialização de Produtos Agro-Pecuários.
Possui um especial interesse em modelos de agricultura sustentável, com destaque para a Agricultura Biológica. Também se dedica ao desenvolvimento de sistemas agrícolas multifuncionais, procurando integrar práticas inovadoras e sustentáveis para melhorar a eficiência e a qualidade no setor agropecuário.
Dia 22 de Novembro, às 21h00
O trio de flautas Ladrem, Pardais!, composto por Célia Silva, Juliana Dias e Teresa Costa, e o compositor Fábio Chicotio estarão em Residência Artística em Novembro de 2024 no Lisboa Incomum para trabalhar numa nova criação musical.
A residência culminará no concerto inaugural do evento Cultura e Sustentabilidade, no dia 22 de Novembro às 21h00 no Lisboa Incomum.
Programa
Brent McCall - Landspace for flute(s) and suspended glass chimes (1973)
Nuno Lobo - Ladra, Pardal! (2018)
Liza Lim - Bioluminescence (2018)
Roman Haubenstock-Ramati - Interpolation (1957)
Enno Poppe - 17 Ëtuden für die Flöte, 3. Heft (2009)
Mariana Vieira - TRE (2019)
Fábio Chicotio - Coeval Proportions (2024)*
* Estreia Mundial, encomenda Projecto DME
Ladrem, pardais!
@Diana Gil |
Ladrem, pardais! é um trio que interpreta música contemporânea para flautas, projecto que nasce da vontade de divulgar e valorizar obras de compositores portugueses emergentes.
Célia Silva, Mariana Portovedo e Teresa Costa formaram o naipe de flautas da Academia de Verão do Remix Ensemble Casa da Música em 2021 e rapidamente reconheceram a urgência que lhes era comum em desenvolver um trabalho artístico colaborativo.
Apresentaram-se em Maio de 2023 no Círculo de Cultura Musical da Bairrada e no Ermo do Caos no Porto com um programa que incluía obras para flautas de Agnelo Marinho, Carlos Lopes, Catarina Bispo, Fábio Cachão, Mariana Marques Coelho, Mariana Vieira, Nuno Lobo e Rodrigo Vieira Cardoso.
Têm também como objectivo promover estéticas contemporâneas perante um público diversificado e descentralizado, e por isso projectam a realização de concertos comentados, performances “arte in situ” assim como a criação de programas para a infância.
Em Novembro de 2024 desenvolvem um trabalho colaborativo com Fábio Chicotio em residência no Lisboa Incomum - Projecto DME; Em Março de 2025, com o apoio da dgartes, apresentam “Ecos de Argila”, um trabalho de criação com Solange Azevedo, Rita Soares e Beatriz Martinho na fábrica da antiga Cerâmica Rocha em Oliveira do Bairro.
Durante a residência artística no Lisboa Incomum a flautista Mariana Portovedo será substituída pela flautista Juliana Dias.
Juliana Dias
Juliana Dias é Licenciada pela Escola Superior de Música de Lisboa na classe dos Professores Amalia Tortajada e Nuno Ivo Cruz, com quem frequenta atualmente o Mestrado em Ensino de Música, na mesma instituição.
Realizou masterclasses com Nuno Inácio, Francisco Barbosa, Adriana Ferreira, Rute Fernandes, Rien de Reede, Frédéric Sanchéz, Salvador Martínez, Júlia Gállego, Mario Caroli, Anne-Cathérine Heinzmann, Marina Piccinini, entre muitos outros.
Teve o privilégio de trabalhar com diversos maestros como Carlos Marques, Bernardo Lima, Henrique Portovedo, Susana Milena, Armando Saldarini, Ernst Schell, Mark Heron, Nigel Clarke, José Eduardo Gomes, Vasco Pearce de Azevedo, Maxime Aulio e Jean-Marc Burfin. Participou em festivais e concursos nacionais e internacionais em Espanha, Itália, Holanda e Alemanha.
Apresentou-se em recitais de flauta e piano tais como o Musicatos, Festival Percursos da Música, Quinta de Regaleira. Ao nível de música de câmara também integrou diversas formações distintas como o ClusterLab (música contemporânea), Quinteto de Sopros, Ensemble de Flautas, Coro de Câmara ESML.
Integrou em 2020 um projeto de reinserção social, patrocinado pela DGARTES, denominado Libert’arte e em 2023 estreou a ópera infantil, “Jardim Secreto” de Rafael Araújo, no Teatro Olga Cadaval, em Sintra.
Fábio Chicotio
Fábio Chicotio, nascido a 28 julho de 1991. Natural de Samora Correia, iniciou os seus estudos musicais na Sociedade Filarmónica União Samorense, em percussão. Continuou os seus estudos, no mesmo instrumento, no Conservatório Regional de Artes do Montijo, no Conservatório de Música da Metropolitana e na Escola Superior de Música de Lisboa*. Por razões de saúde, não terminou a sua licenciatura em Percussão. Em 2021, ingressou no curso de Composição na ESML* onde se encontra no terceiro ano da licenciatura. Durante este período teve oportunidade de estudar com os professores e compositores Carlos Caires, Carlos Fernandes, Carl
Célia Silva, Mariana Portovedo e Teresa Costa formaram o naipe de flautas da Academia de Verão do Remix Ensemble Casa da Música em 2021 e rapidamente reconheceram a urgência que lhes era comum em desenvolver um trabalho artístico colaborativo.
Apresentaram-se em Maio de 2023 no Círculo de Cultura Musical da Bairrada e no Ermo do Caos no Porto com um programa que incluía obras para flautas de Agnelo Marinho, Carlos Lopes, Catarina Bispo, Fábio Cachão, Mariana Marques Coelho, Mariana Vieira, Nuno Lobo e Rodrigo Vieira Cardoso.
Têm também como objectivo promover estéticas contemporâneas perante um público diversificado e descentralizado, e por isso projectam a realização de concertos comentados, performances “arte in situ” assim como a criação de programas para a infância.
Em Novembro de 2024 desenvolvem um trabalho colaborativo com Fábio Chicotio em residência no Lisboa Incomum - Projecto DME; Em Março de 2025, com o apoio da dgartes, apresentam “Ecos de Argila”, um trabalho de criação com Solange Azevedo, Rita Soares e Beatriz Martinho na fábrica da antiga Cerâmica Rocha em Oliveira do Bairro.
Durante a residência artística no Lisboa Incomum a flautista Mariana Portovedo será substituída pela flautista Juliana Dias.
Juliana Dias
Juliana Dias é Licenciada pela Escola Superior de Música de Lisboa na classe dos Professores Amalia Tortajada e Nuno Ivo Cruz, com quem frequenta atualmente o Mestrado em Ensino de Música, na mesma instituição.
Realizou masterclasses com Nuno Inácio, Francisco Barbosa, Adriana Ferreira, Rute Fernandes, Rien de Reede, Frédéric Sanchéz, Salvador Martínez, Júlia Gállego, Mario Caroli, Anne-Cathérine Heinzmann, Marina Piccinini, entre muitos outros.
Teve o privilégio de trabalhar com diversos maestros como Carlos Marques, Bernardo Lima, Henrique Portovedo, Susana Milena, Armando Saldarini, Ernst Schell, Mark Heron, Nigel Clarke, José Eduardo Gomes, Vasco Pearce de Azevedo, Maxime Aulio e Jean-Marc Burfin. Participou em festivais e concursos nacionais e internacionais em Espanha, Itália, Holanda e Alemanha.
Apresentou-se em recitais de flauta e piano tais como o Musicatos, Festival Percursos da Música, Quinta de Regaleira. Ao nível de música de câmara também integrou diversas formações distintas como o ClusterLab (música contemporânea), Quinteto de Sopros, Ensemble de Flautas, Coro de Câmara ESML.
Integrou em 2020 um projeto de reinserção social, patrocinado pela DGARTES, denominado Libert’arte e em 2023 estreou a ópera infantil, “Jardim Secreto” de Rafael Araújo, no Teatro Olga Cadaval, em Sintra.
Fábio Chicotio
@Rui Correia |
Fábio Chicotio, nascido a 28 julho de 1991. Natural de Samora Correia, iniciou os seus estudos musicais na Sociedade Filarmónica União Samorense, em percussão. Continuou os seus estudos, no mesmo instrumento, no Conservatório Regional de Artes do Montijo, no Conservatório de Música da Metropolitana e na Escola Superior de Música de Lisboa*. Por razões de saúde, não terminou a sua licenciatura em Percussão. Em 2021, ingressou no curso de Composição na ESML* onde se encontra no terceiro ano da licenciatura. Durante este período teve oportunidade de estudar com os professores e compositores Carlos Caires, Carlos Fernandes, Carl
os Marecos, Jaime Reis, João Madureira, Nuno da Rocha, Roberto Pérez, Sérgio Azevedo, sendo atualmente aluno do professor e compositor Vasco Mendonça. Participou também em masterclasses com os compositores Fábio de Sanctis Benedictis (2023), Flo Menezes (2022), Luigi Abbate (2022) e Valério Sannicandro (2022).
Dia 23 de Novembro, às 11h00
Herbários são meras plantas secas arrumadas numa estante?
Os Herbários, enquanto coleções de história natural, documentam a biodiversidade e o conhecimento das plantas do passado e do presente. Representam autoridades e referências críticas para as mudanças que a
sociedade impõe aos ecossistemas, permitindo também conceber cenários futuros. Promovem a recolha de dados e de espécimes do património florístico, essenciais para o conhecimento da biodiversidade vegetal (o quê? - onde?) epara a monitorização de espécies ameaçadas.
São uma imensa fonte de dados e de material para o desenvolvimento científico de diferentes disciplinas
(sistemática, biogeografia, farmacologia, agronomia...). Fornecem o enquadramento conceptual para estudos em biologia evolutiva e para a biologia da conservação, contribuindo para testar possíveis soluções de conservação de espécies e programas de recuperação e restauro.
Foram, e estão a ser, fulcrais para o desenvolvimento da criação de bases de dados digitais integradas de flora ou de biodiversidade, nacionais e internacionais, muitas vezes associadas a plataformas digitais de ciência cidadã. Do ponto de vista da penetração na opinião pública, conceitos estratégicos de biodiversidade e, em sentido mais amplo, o de sustentabilidade, necessitam de materialidade e de evidências. A generalidade dos Herbários está assim envolvida em diversos eventos com os cidadãos na tomada de consciência pública das temáticas ambientais e para a mobilização face aos desafios
ambientais globais dos nossos dias.
Os Herbários, enquanto coleções de história natural, documentam a biodiversidade e o conhecimento das plantas do passado e do presente. Representam autoridades e referências críticas para as mudanças que a
sociedade impõe aos ecossistemas, permitindo também conceber cenários futuros. Promovem a recolha de dados e de espécimes do património florístico, essenciais para o conhecimento da biodiversidade vegetal (o quê? - onde?) epara a monitorização de espécies ameaçadas.
São uma imensa fonte de dados e de material para o desenvolvimento científico de diferentes disciplinas
(sistemática, biogeografia, farmacologia, agronomia...). Fornecem o enquadramento conceptual para estudos em biologia evolutiva e para a biologia da conservação, contribuindo para testar possíveis soluções de conservação de espécies e programas de recuperação e restauro.
Foram, e estão a ser, fulcrais para o desenvolvimento da criação de bases de dados digitais integradas de flora ou de biodiversidade, nacionais e internacionais, muitas vezes associadas a plataformas digitais de ciência cidadã. Do ponto de vista da penetração na opinião pública, conceitos estratégicos de biodiversidade e, em sentido mais amplo, o de sustentabilidade, necessitam de materialidade e de evidências. A generalidade dos Herbários está assim envolvida em diversos eventos com os cidadãos na tomada de consciência pública das temáticas ambientais e para a mobilização face aos desafios
ambientais globais dos nossos dias.
Maria Manuela David
Professora Associada Aposentada da Universidade do Algarve, doutorada em Biologia pela Universidade do Algarve, desenvolveu atividade científica e docente em estudos de ecofisiologia das plantas em condições de stress ambiental típico das regiões Mediterrâneas. É curadora do Herbário da Universidade do Algarve -ALGU e tem participado em diversas ações de promoção de conhecimento e consciência pública de temáticas ambientais que envolvem o património florístico do Algarve.
Dia 23 de Novembro, às 14h30
João Silva (CCMAR)
João Silva é Investigador Auxiliar no Centro de Ciências do Mar (CCMAR) do Algarve e a sua principal área de especialização é a ecologia e ecofisiologia de plantas marinhas. O foco principal da sua investigação tem sido nos impactos ecológicos, fisiológicos e moleculares das alterações climáticas, nomeadamente acidificação oceânica e ondas de calor, em ervas marinhas e macroalgas. Colabora também na docência na Universidade do Algarve desde 1997, onde é atualmente Professor Auxiliar Convidado. Mantem ainda um papel activo na divulgação da ciência, através de palestras educativas, formação, colaborações mediáticas, envolvimento com ONG e outras atividades que visam sensibilizar o público para a necessidade de valorizar e preservar os serviços ecossistémicos fornecidos pelas macrófitas marinhas, particularmente no contexto desafiante das alterações climáticas.
João Silva é Investigador Auxiliar no Centro de Ciências do Mar (CCMAR) do Algarve e a sua principal área de especialização é a ecologia e ecofisiologia de plantas marinhas. O foco principal da sua investigação tem sido nos impactos ecológicos, fisiológicos e moleculares das alterações climáticas, nomeadamente acidificação oceânica e ondas de calor, em ervas marinhas e macroalgas. Colabora também na docência na Universidade do Algarve desde 1997, onde é atualmente Professor Auxiliar Convidado. Mantem ainda um papel activo na divulgação da ciência, através de palestras educativas, formação, colaborações mediáticas, envolvimento com ONG e outras atividades que visam sensibilizar o público para a necessidade de valorizar e preservar os serviços ecossistémicos fornecidos pelas macrófitas marinhas, particularmente no contexto desafiante das alterações climáticas.
As alterações climáticas globais trazem inúmeros desafios para a biodiversidade. Esta nova realidade afeta invariavelmente todas as espécies, num balanço entre as adaptações adquiridas ao longo de milhares de anos e o rápido ritmo das mudanças em curso. “Não é a espécie mais forte que sobrevive, nem a mais inteligente que sobrevive. É aquela que se adapta melhor às mudanças”, um conceito atribuído a Darwin, que resume a seleção das espécies. Num cenário em que se alteram os habitats, se estendem os limites da tolerância fisiológica, se modificam as disponibilidades de recursos e interações entre competidores, com a introdução de espécies invasoras, assistiremos rapidamente à definição de perdedores e vencedores. Este rácio afetará rápida e grandemente a diversidade biológica que conhecemos. Três exemplos serão discutidos:
1) Os peixes da antártica evoluíram num ambiente de frio extremo, mas bastante estável, nos últimos 20-30 milhões de anos, e constituem um grupo à parte. As cerca de 200 espécies de nototenídeos vivem no Oceano Austral, com algumas exceções que migraram um pouco para norte. Diversificaram-se a partir de ancestrais comuns, ocupando os nichos ecológicos disponíveis e desenvolvendo características únicas, resultantes da forte pressão ambiental, mas também das oportunidades existentes neste meio. Todos os nototenídeos antárticos produzem proteínas anticongelantes, tão eficientes que lhes permitiriam viver até em temperaturas abaixo do ponto de congelação da água do mar. Alguns, beneficiando da elevada concentração de oxigénio nestas águas frias, abdicaram de produzir hemoglobina, e transportam o oxigénio em solução no plasma, em vez de o fazerem nos glóbulos vermelhos como todos os outros vertebrados. As projeções climáticas apontam para um aquecimento das águas no Oceano austral, mas a velocidade e dimensão desta mudança são ainda imprevisíveis, assim como a capacidade destas espécies para se ajustar a novas condições. Poderão encontrar no seu baú genético ou na sua caixa de ferramentas fisiológicas as soluções para se aclimatar ou evoluir ou serão parte de uma extinção anunciada?
2) Para evitar os impactos das alterações climáticas sobre os seus habitats, várias espécies estão paulatinamente a alterar a sua área de distribuição, deslocando-se para maiores latitudes, em busca de zonas termicamente favoráveis. É comum vermos na nossa costa várias espécies que denominaríamos como (sub)tropicais, enquanto outras, parte dos nossos recursos tradicionais, ocorrem hoje nos mares do centro e norte da Europa. Estas novas espécies poderão estabelecer-se e competir comas espécies locais levando à diminuição das suas populações e eventual extinção. Outras foram trazidas pela acção humana e encontram agora neste novo ambiente condições ótimas, especialmente se as alterações climáticas os favorecerem. Um caso emblemático no Mediterrâneo e para Portugal é o caranguejo-azul, que para além dos impactos sobre o ecossistema ameaça ser uma ameaça à economia baseada na moliscicultura.
3) Os impactos das espécies invasoras nos cursos de água em Portugal foram grandemente negligenciados no século XX, durante o qual alguns destes peixes foram inclusivamente introduzidos pelas autoridades com responsabilidade no ambiente. Hoje ameaçam a fauna piscícola ibérica, uma das mais singulares da Europa, por predação, competição ou mesmo por hibridação com as espécies nativas. A sua distribuição acelera por mão humana mas também porque aumentam as áreas com condições mais favoráveis à sua proliferação, em paradoxo com a redução dos caudais e aumento da intermitência dos rios, nomeadamente no sul do país, consequência em grande medida das alterações climáticas mas também pelo uso excessivo e constrangimentos feitos nas massas de água. Que condicionantes biológicas e ambientais serão relevantes para definir vencedores e perdedores nestes cenários?
Todas as espécies correm para a extinção, mas agora algumas correm mais rápido e outras são apanhadas de surpresa.
Atualmente é investigadora no IPMA. Lisboeta de nascimento, rumou ao Porto, para tirar a licenciatura em Ciências do Meio Aquático (1989), no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar. A frase do versátil Abel Salazar de que “Um médico que só sabe medicina, nem medicina sabe” tem sido o seu lema de vida. Ruma para Sul, onde continua a formação académica com um mestrado em Estudos Marinhos e Costeiros (1994), seguido de um doutoramento em Aquacultura, especialização em Nutrição (2003), ambos pela Universidade do Algarve. A investigação desenvolvida tem incidido sobre aspetos relacionados com o desenvolvimento de larvas de peixes marinhos, a nutrição e o bem-estar dos peixes, bem como a sustentabilidade dos métodos de produção. Através de uma abordagem holística e multidisciplinar tem tentado compreender melhor os mecanismos biológicos e fisiológicos do desenvolvimento dos peixes marinhos. Entende que a divulgação da sua atividade profissional deve contribuir para desconstruir mitos e permitir a comunidade tomar decisões conscientes.
Bruno Pinto, é comunicador de ciência e investigador na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, com interesse especial em temas como a biodiversidade e as alterações climáticas. Desde 2016, é investigador no Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE), dedicando-se sobretudo à área de comunicação sobre mar.
Quico Nogueira, apesar de ter trabalhado alguns anos como engenheiro civil, decidiu seguir a sua paixão pela ilustração, banda desenhada, cinema e animação. Desde 2009 tem vindo a desenvolver actividade nessas áreas, tendo obtido vários prémios nacionais.
Terrain Vagues | Blooming Landscapes- neuMERZ
1) Os peixes da antártica evoluíram num ambiente de frio extremo, mas bastante estável, nos últimos 20-30 milhões de anos, e constituem um grupo à parte. As cerca de 200 espécies de nototenídeos vivem no Oceano Austral, com algumas exceções que migraram um pouco para norte. Diversificaram-se a partir de ancestrais comuns, ocupando os nichos ecológicos disponíveis e desenvolvendo características únicas, resultantes da forte pressão ambiental, mas também das oportunidades existentes neste meio. Todos os nototenídeos antárticos produzem proteínas anticongelantes, tão eficientes que lhes permitiriam viver até em temperaturas abaixo do ponto de congelação da água do mar. Alguns, beneficiando da elevada concentração de oxigénio nestas águas frias, abdicaram de produzir hemoglobina, e transportam o oxigénio em solução no plasma, em vez de o fazerem nos glóbulos vermelhos como todos os outros vertebrados. As projeções climáticas apontam para um aquecimento das águas no Oceano austral, mas a velocidade e dimensão desta mudança são ainda imprevisíveis, assim como a capacidade destas espécies para se ajustar a novas condições. Poderão encontrar no seu baú genético ou na sua caixa de ferramentas fisiológicas as soluções para se aclimatar ou evoluir ou serão parte de uma extinção anunciada?
2) Para evitar os impactos das alterações climáticas sobre os seus habitats, várias espécies estão paulatinamente a alterar a sua área de distribuição, deslocando-se para maiores latitudes, em busca de zonas termicamente favoráveis. É comum vermos na nossa costa várias espécies que denominaríamos como (sub)tropicais, enquanto outras, parte dos nossos recursos tradicionais, ocorrem hoje nos mares do centro e norte da Europa. Estas novas espécies poderão estabelecer-se e competir comas espécies locais levando à diminuição das suas populações e eventual extinção. Outras foram trazidas pela acção humana e encontram agora neste novo ambiente condições ótimas, especialmente se as alterações climáticas os favorecerem. Um caso emblemático no Mediterrâneo e para Portugal é o caranguejo-azul, que para além dos impactos sobre o ecossistema ameaça ser uma ameaça à economia baseada na moliscicultura.
3) Os impactos das espécies invasoras nos cursos de água em Portugal foram grandemente negligenciados no século XX, durante o qual alguns destes peixes foram inclusivamente introduzidos pelas autoridades com responsabilidade no ambiente. Hoje ameaçam a fauna piscícola ibérica, uma das mais singulares da Europa, por predação, competição ou mesmo por hibridação com as espécies nativas. A sua distribuição acelera por mão humana mas também porque aumentam as áreas com condições mais favoráveis à sua proliferação, em paradoxo com a redução dos caudais e aumento da intermitência dos rios, nomeadamente no sul do país, consequência em grande medida das alterações climáticas mas também pelo uso excessivo e constrangimentos feitos nas massas de água. Que condicionantes biológicas e ambientais serão relevantes para definir vencedores e perdedores nestes cenários?
Todas as espécies correm para a extinção, mas agora algumas correm mais rápido e outras são apanhadas de surpresa.
Pedro Miguel Guerreiro (CCMAR)
Pedro Miguel Guerreiro é investigador no Centro de Ciências do Mar (CCMAR/CIMAR LA) e professor convidado na Universidade do Algarve. Licenciou-se em Biologia Marinha e Pescas, no Algarve, concluiu o doutoramento em Fisiologia Animal, na Holanda, e realizou atividades pós-doutorais nos EUA. Faz investigação em endocrinologia e ecofisiologia de organismos aquáticos, especialmente peixes, focando nos mecanismos que permitem a aclimatação e a adaptação ao ambiente e às suas mudanças, em contextos de alterações climáticas, ambientes extremos ou estabelecimento de espécies invasoras. Desenvolve atividades na Antártida desde 2012, com o suporte do Programa polar Português (PROPOLAR), e em colaboração com investigadores de outros países, nomeadamente do Chile. Participou em 7 expedições à Península Antártica, onde estuda a singularidade dos mecanismos adaptativos e evolutivos dos organismos desta região e os impactos de variações ambientais sobre os peixes e crustáceos intertidais, focando sobretudo na salinidade, temperatura e níveis de oxigénio, assim como o efeito do desfasamento entre a variação sazonal do fotoperíodo e a temperatura ou ondas de calor simuladas, processos decorrentes das alterações climáticas globais e previstos para aquela região. Em 2024 participou, como co-coordenador na expedição COASTANTAR, a primeira expedição científica portuguesa de veleiro na Península Artártica, que baseada num modelo logístico de baixo-custo e de reduzido impacte ambiental, enquadrou 10 projetos nas áreas da biologia marinha, ecologia terrestre, permafrost, ciências da atmosfera, riscos naturais, arquitetura sustentável e eficiência energética, e diplomacia científica.
Laura Ribeiro (IPMA)
Atualmente é investigadora no IPMA. Lisboeta de nascimento, rumou ao Porto, para tirar a licenciatura em Ciências do Meio Aquático (1989), no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar. A frase do versátil Abel Salazar de que “Um médico que só sabe medicina, nem medicina sabe” tem sido o seu lema de vida. Ruma para Sul, onde continua a formação académica com um mestrado em Estudos Marinhos e Costeiros (1994), seguido de um doutoramento em Aquacultura, especialização em Nutrição (2003), ambos pela Universidade do Algarve. A investigação desenvolvida tem incidido sobre aspetos relacionados com o desenvolvimento de larvas de peixes marinhos, a nutrição e o bem-estar dos peixes, bem como a sustentabilidade dos métodos de produção. Através de uma abordagem holística e multidisciplinar tem tentado compreender melhor os mecanismos biológicos e fisiológicos do desenvolvimento dos peixes marinhos. Entende que a divulgação da sua atividade profissional deve contribuir para desconstruir mitos e permitir a comunidade tomar decisões conscientes.
Bruno Pinto, é comunicador de ciência e investigador na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, com interesse especial em temas como a biodiversidade e as alterações climáticas. Desde 2016, é investigador no Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE), dedicando-se sobretudo à área de comunicação sobre mar.
Quico Nogueira, apesar de ter trabalhado alguns anos como engenheiro civil, decidiu seguir a sua paixão pela ilustração, banda desenhada, cinema e animação. Desde 2009 tem vindo a desenvolver actividade nessas áreas, tendo obtido vários prémios nacionais.
Dia 23 de Novembro, às 19h30
Terrain Vagues | Blooming Landscapes- neuMERZ
"Terrain Vagues | Blooming Landscapes" é um projeto audiovisual que combina elementos jornalísticos e documentais. Explora os espaços urbanos abandonados, negligenciados e frequentemente esquecidos, conhecidos em alemão como "Stadtbrachen", "Baulücken" ou "Restflächen."
Inspirado pelos pós-estruturalistas franceses, que entendem "Terrain Vagues" como paisagens desertas e abandonadas em áreas urbanas, pretendo criar uma série de obras audiovisuais que abordem este fenómeno. O plano é produzir uma série de 12 episódios, exclusivamente ambientada na Expo Plaza, interagindo com os diversos edifícios do local. Cada episódio terá o seu próprio tema.
O projecto também examina os elementos utópicos do domínio virtual, que emergiram com a invenção dos computadores pessoais e da internet nos anos 1990 e início dos anos 2000. Esta visão utópica deu lugar a uma realidade distópica, em que o capitalismo penetrou o mundo digital.
No Lisboa Incomum, o neuMERZ apresentará uma performance audiovisual baseada no material recente recolhido durante o processo de trabalho em "Terrain Vagues".
neuMERZ
neuMERZ é um novo colectivo de música e média, originalmente fundado em Hannover, Alemanha, e liderado pelos compositores e artistas multimédia Philipp Henkel e Rachel C. Walker. Juntos, adotam uma abordagem crítica e de pesquisa para a composição, aplicando-a em diversos projectos: curadoria de instalações, concertos multimédia e cinema, com especial atenção à apresentação de formatos inovadores e novas perspetivas na cena da música contemporânea.
Este projecto aproveita as competências dos elementos do grupo combinadas: composição acústica e electroacústica, renderização visual (Blender, C#, C++), design e experimentação de instrumentos, pesquisa histórica e programação. A colocação estas competências em diálogo directo resulta em conquistas artísticas com benefícios tanto teóricos como experimentais.
O colectivo neuMERZ realizou projectos em colaboração com Musik21 Niedersachsen (Disrupted Chronologies – Jahresthema 2022 Radikale), Deutscher Musikrat (Radiant8 Ensemble), Stiftung-Niedersachsen (Panopticon), Musikland Niedersachsen, Musikfonds (PRO DEFUNCTIS) e outros. Projectos recentes incluem a temporada de concertos de 2022 e a digressão do Radiant8 Ensemble; Disrupted Chronologies, um concerto multimédia e projecto de documentário; e KOPFGERÄUSCHE, uma digressão de novos trabalhos com uma atuação da dupla japonesa de improvisação de ruído de Berlim, Momose/Ishikawa. Em 2023, o neuMERZ apresentou o Concerto-Diálogo "al’thalj" no Württembergischer Kunstverein Stuttgart, em colaboração com o ensemble austríaco airborne extended.
O foco contínuo está no desenvolvimento de vários projectos de curadoria, actualmente em curso: uma colaboração interdisciplinar de longo prazo que abrange música, literatura e cinema, conectada à vida da escritora de viagens taiwanesa do século XX, San Mao; a instalação de investigação multimédia OPTIKS: Uma Fábrica de Memória Interativa; e a série Terrain Vagues / Blühende Landschaften. Em 2024, o neuMERZ apresentará PRO DEFUNCTIS, trazendo o ensemble americano Ekmeles à Alemanha para uma digressão com "Über den frühen Tod des Fräuleins Anna Augusta Markgräfin zu Baden" de Spahlinger, em homenagem ao 80.º aniversário de Spahlinger. Além disso, o colectivo neuMERZ estará em residência no Lisboa Incomum / Projecto DME, no âmbito de uma bolsa de mobilidade da Culture Moves Europe. Projecto financiado pela União Europeia e pelo Goethe Institut.
Dia 24 de Novembro, às 16h00
Concerto dos alunos do Laboratório de Música Mista e Acusmática da Escola Superior de Música de Lisboa
Programa
João Pedro Oliveira: Singularity, (ca. 11’)
Inérzio Macome , cello
Fábio Chicotio e António Narciso: Recycled Classics (ca. 3’)
Inérzio Macome , cello
Fábio Chicotio e António Narciso: Recycled Classics (ca. 3’)
Espacialização - Cristóvão Almeida
Sergio Kafejian: Circulares, (ca. 9’)
Rodrigo Freitas, trombone
Cristóvão Almeida electrónica em tempo real
Vera Carvalho: a musical poem over spring (ca.4)
Vera Carvalho, guitarra
Sergio Kafejian: Circulares, (ca. 9’)
Rodrigo Freitas, trombone
Cristóvão Almeida electrónica em tempo real
Vera Carvalho: a musical poem over spring (ca.4)
Vera Carvalho, guitarra
Peça selecionada no âmbito da CALL FOR MUSIC - Culture and Sustainability 2024
Larisa Halis - Healing Spell (ca. 11)
António Narciso, Vera Carvalho, Vitória Gorjão, Raúl
“a musical poem over spring”, para guitarra clássica e eletrónica, é uma peça ambiente que representa a primavera. Envolvendo e integrando a natureza, a eletrónica é composta de sons como pássaros e cães, o vento e diversos elementos naturais, manipulados de modo a criar um ambiente em que toda a peça se desenvolve. Como que a escrever um poema sobre o papel, a guitarra vai descrevendo o fenómeno da passagem do tempo e o processo das mudanças naturais e graduais na natureza, ao longo do ciclo primaveril.
Vera Carvalho (2006), natural do Porto, iniciou os seus estudos musicais aos 8 anos, na Academia de Música de Costa Cabral (AMCC). Em 2024, na mesma academia, concluiu o Curso Profissional de Instrumentista de Cordas e Tecla (guitarra clássica), sendo de realçar o trabalho que desenvolveu com os professores André Pires Costa e Daniel Martinho.
Ao longo do seu percurso musical, destacam-se atuações a solo, música de câmara, orquestra e coro, em palcos como a Casa da Música e o Coliseu Porto AGEAS, assim como a participação em diversas masterclasses na área da guitarra clássica, com Artur Caldeira, Johannes Möller e Pedro Rodrigues. Trabalhou também sob a direção musical de maestros como Diogo Costa, Martin André e Osvaldo Ferreira, juntamente com a Banda Sinfónica Portuguesa (BSP), o Coro Polifónico da Lapa (CPL) e a Orquestra Filarmónica Portuguesa.
Na área da composição, tem estreado e apresentado as suas obras ao vivo em diversos palcos portugueses, tais como a Fundação Serralves e a Fundação Eng. António de Almeida, e teve a oportunidade de ter estreado a sua peça para órgão, "Lost in the Sequence” (2024), na capela da Universidade de Duke, em Durham, nos Estados Unidos.
Atualmente, frequenta o 1º ano da Licenciatura em Composição na Escola Superior de Música de Lisboa (ESML), sob a orientação do professor e compositor Sérgio Azevedo.