Cultura & Sustentabilidade 2024
Cultura & Sustentabilidade
O evento ‘Cultura e Sustentabilidade’ é coorganizado anualmente pelo Projecto DME no espaço Lisboa Incomum.
Contando com sete edições desde 2017 (ano de inauguração do espaço lisboeta), tem como objetivo fomentar uma discussão interdisciplinar (artística, científica, política) sobre os papéis que as práticas artísticas podem assumir para a consciencialização ambiental, intervindo na discussão sobre temas como a sustentabilidade e a ecologia. Esta discussão é feita entre o público e os convidados do evento através de diferentes tipos de actividades como conferências, concertos e workshops.
À semelhança das últimas duas edições, o evento conta com a co-organização do CCMAR - Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve e está de regresso nos dias 22, 23 e 24 de Novembro. Sob o mote “Espécies em extinção”, a programação desta edição contempla três concertos, quatro conferências, um workshop, uma ‘sala de escuta’ e um mercado.
Produção: Projecto DME-Lisboa Incomum
Co-organização: CCMAR - Prof. Rui Borges e Profª. Isabel Barrote
23 de Novembro (Sábado)
11h00 – 12h00 – Keynote Manuela David-Herbários são meras plantas secas arrumadas numa estante?
14h30 – 18h00 – Conferências CCMAR/IPMA
Pedro Guerreiro (CCMAR) – Crónica de várias extinções anunciadas - Dos peixes-gelo e outros inquilinos da Antártida às novas invasões mais perto de casa
18h00 – 19h00 – Convívio
19h30 – Projecto "Terrain Vagues | Blooming Landscapes" - Neumerz
24 de Novembro (Domingo)
11h00 – 18h30 – Mercado Sustentável
14h30 – 15h30 – [workshop] João Archer Pratas & Ariana Marques da Silva (Seeds on Wheels [SOW]) – Mãos na Massa: E se a Resiliência Urbana Fosse Plantada?
16h00 – 17h00 – Concerto dos alunos do Laboratório de Música Mista e Acusmática da Escola Superior de Música de Lisboa
17h30 – 18h30 – Convívio
As actividades têm entrada gratuita mediante preenchimento do formulário de inscrição.
Dia 22 de Novembro, às 21h00
O trio de flautas Ladrem, Pardais!, composto por Célia Silva, Juliana Dias e Teresa Costa, e o compositor Fábio Chicotio estarão em Residência Artística em Novembro de 2024 no Lisboa Incomum para trabalhar numa nova criação musical.
A residência culminará no concerto inaugural do evento Cultura e Sustentabilidade, no dia 22 de Novembro às 21h00 no Lisboa Incomum.
Ladrem, pardais!
@Diana Gil |
Célia Silva, Mariana Portovedo e Teresa Costa formaram o naipe de flautas da Academia de Verão do Remix Ensemble Casa da Música em 2021 e rapidamente reconheceram a urgência que lhes era comum em desenvolver um trabalho artístico colaborativo.
Apresentaram-se em Maio de 2023 no Círculo de Cultura Musical da Bairrada e no Ermo do Caos no Porto com um programa que incluía obras para flautas de Agnelo Marinho, Carlos Lopes, Catarina Bispo, Fábio Cachão, Mariana Marques Coelho, Mariana Vieira, Nuno Lobo e Rodrigo Vieira Cardoso.
Têm também como objectivo promover estéticas contemporâneas perante um público diversificado e descentralizado, e por isso projectam a realização de concertos comentados, performances “arte in situ” assim como a criação de programas para a infância.
Em Novembro de 2024 desenvolvem um trabalho colaborativo com Fábio Chicotio em residência no Lisboa Incomum - Projecto DME; Em Março de 2025, com o apoio da dgartes, apresentam “Ecos de Argila”, um trabalho de criação com Solange Azevedo, Rita Soares e Beatriz Martinho na fábrica da antiga Cerâmica Rocha em Oliveira do Bairro.
Durante a residência artística no Lisboa Incomum a flautista Mariana Portovedo será substituída pela flautista Juliana Dias.
Juliana Dias
Juliana Dias é Licenciada pela Escola Superior de Música de Lisboa na classe dos Professores Amalia Tortajada e Nuno Ivo Cruz, com quem frequenta atualmente o Mestrado em Ensino de Música, na mesma instituição.
Realizou masterclasses com Nuno Inácio, Francisco Barbosa, Adriana Ferreira, Rute Fernandes, Rien de Reede, Frédéric Sanchéz, Salvador Martínez, Júlia Gállego, Mario Caroli, Anne-Cathérine Heinzmann, Marina Piccinini, entre muitos outros.
Teve o privilégio de trabalhar com diversos maestros como Carlos Marques, Bernardo Lima, Henrique Portovedo, Susana Milena, Armando Saldarini, Ernst Schell, Mark Heron, Nigel Clarke, José Eduardo Gomes, Vasco Pearce de Azevedo, Maxime Aulio e Jean-Marc Burfin. Participou em festivais e concursos nacionais e internacionais em Espanha, Itália, Holanda e Alemanha.
Apresentou-se em recitais de flauta e piano tais como o Musicatos, Festival Percursos da Música, Quinta de Regaleira. Ao nível de música de câmara também integrou diversas formações distintas como o ClusterLab (música contemporânea), Quinteto de Sopros, Ensemble de Flautas, Coro de Câmara ESML.
Integrou em 2020 um projeto de reinserção social, patrocinado pela DGARTES, denominado Libert’arte e em 2023 estreou a ópera infantil, “Jardim Secreto” de Rafael Araújo, no Teatro Olga Cadaval, em Sintra.
Fábio Chicotio
@Rui Correia |
Fábio Chicotio, nascido a 28 julho de 1991. Natural de Samora Correia, iniciou os seus estudos musicais na Sociedade Filarmónica União Samorense, em percussão. Continuou os seus estudos, no mesmo instrumento, no Conservatório Regional de Artes do Montijo, no Conservatório de Música da Metropolitana e na Escola Superior de Música de Lisboa*. Por razões de saúde, não terminou a sua licenciatura em Percussão. Em 2021, ingressou no curso de Composição na ESML* onde se encontra no terceiro ano da licenciatura. Durante este período teve oportunidade de estudar com os professores e compositores Carlos Caires, Carlos Fernandes, Carl
Dia 23 de Novembro, às 11h00
Os Herbários, enquanto coleções de história natural, documentam a biodiversidade e o conhecimento das plantas do passado e do presente. Representam autoridades e referências críticas para as mudanças que a
sociedade impõe aos ecossistemas, permitindo também conceber cenários futuros. Promovem a recolha de dados e de espécimes do património florístico, essenciais para o conhecimento da biodiversidade vegetal (o quê? - onde?) epara a monitorização de espécies ameaçadas.
São uma imensa fonte de dados e de material para o desenvolvimento científico de diferentes disciplinas
(sistemática, biogeografia, farmacologia, agronomia...). Fornecem o enquadramento conceptual para estudos em biologia evolutiva e para a biologia da conservação, contribuindo para testar possíveis soluções de conservação de espécies e programas de recuperação e restauro.
Foram, e estão a ser, fulcrais para o desenvolvimento da criação de bases de dados digitais integradas de flora ou de biodiversidade, nacionais e internacionais, muitas vezes associadas a plataformas digitais de ciência cidadã. Do ponto de vista da penetração na opinião pública, conceitos estratégicos de biodiversidade e, em sentido mais amplo, o de sustentabilidade, necessitam de materialidade e de evidências. A generalidade dos Herbários está assim envolvida em diversos eventos com os cidadãos na tomada de consciência pública das temáticas ambientais e para a mobilização face aos desafios
ambientais globais dos nossos dias.
Dia 23 de Novembro, às 12h00
Dia 23 de Novembro, às 14h30
As alterações climáticas, evidenciadas pela paleoclimatologia e pela observação contemporânea de dados atmosféricos, têm hoje efeitos bastante visíveis na generalidade dos ecossistemas do nosso planeta, incluindo naturalmente nos oceanos. O aumento da concentração dos gases com efeito de estufa, nomeadamente dióxido de carbono e metano, tem vindo a induzir um aquecimento anormal da atmosfera e, por consequência, também do oceano. Adicionalmente, um destes gases, o dióxido de carbono, ao dissolver-se na água do mar, é também responsável por um fenómeno designado acidificação oceânica. Estes dois fenómenos, aumento de temperatura e acidificação, isolados ou em combinação, são responsáveis por mudanças significativas nos ecossistemas marinhos a vários níveis.
Tal como em terra firme, também no mar as plantas (incluindo as algas) são as entidades biológicas que estruturam todos os ecossistemas, providenciando nomeadamente alimento e abrigo aos restantes grupos de organismos, que delas dependem directa ou indirectamente, através de teias complexas de relações tróficas e não só. Daqui resulta que os impactos das alterações climáticas sentidos pelas plantas no meio marinho são também potencialmente propagáveis a outros grupos de organismos.
Nesta palestra iremos explorar os efeitos das alterações climáticas nas plantas marinhas, a vários níveis de organização biológica, desde os genes até ao funcionamento dos ecossistemas como um todo. Discutindo o tema num âmbito global, utilizaremos como base alguns exemplos de trabalhos realizados na costa portuguesa, a qual apresenta um particular interesse biogeográfico para a investigação nesta área. Tentaremos ainda projectar, com base no conhecimento disponível, como podem evoluir alguns destes ecossistemas e o papel central que as plantas marinhas desempenharão nesses cenários. Finalmente, discutiremos também a relevância social deste tópico, através das relações entre o ambiente, a investigação, o desenvolvimento e a sustentabilidade.
João Silva é Investigador Auxiliar no Centro de Ciências do Mar (CCMAR) do Algarve e a sua principal área de especialização é a ecologia e ecofisiologia de plantas marinhas. O foco principal da sua investigação tem sido nos impactos ecológicos, fisiológicos e moleculares das alterações climáticas, nomeadamente acidificação oceânica e ondas de calor, em ervas marinhas e macroalgas. Colabora também na docência na Universidade do Algarve desde 1997, onde é atualmente Professor Auxiliar Convidado. Mantem ainda um papel activo na divulgação da ciência, através de palestras educativas, formação, colaborações mediáticas, envolvimento com ONG e outras atividades que visam sensibilizar o público para a necessidade de valorizar e preservar os serviços ecossistémicos fornecidos pelas macrófitas marinhas, particularmente no contexto desafiante das alterações climáticas.
1) Os peixes da antártica evoluíram num ambiente de frio extremo, mas bastante estável, nos últimos 20-30 milhões de anos, e constituem um grupo à parte. As cerca de 200 espécies de nototenídeos vivem no Oceano Austral, com algumas exceções que migraram um pouco para norte. Diversificaram-se a partir de ancestrais comuns, ocupando os nichos ecológicos disponíveis e desenvolvendo características únicas, resultantes da forte pressão ambiental, mas também das oportunidades existentes neste meio. Todos os nototenídeos antárticos produzem proteínas anticongelantes, tão eficientes que lhes permitiriam viver até em temperaturas abaixo do ponto de congelação da água do mar. Alguns, beneficiando da elevada concentração de oxigénio nestas águas frias, abdicaram de produzir hemoglobina, e transportam o oxigénio em solução no plasma, em vez de o fazerem nos glóbulos vermelhos como todos os outros vertebrados. As projeções climáticas apontam para um aquecimento das águas no Oceano austral, mas a velocidade e dimensão desta mudança são ainda imprevisíveis, assim como a capacidade destas espécies para se ajustar a novas condições. Poderão encontrar no seu baú genético ou na sua caixa de ferramentas fisiológicas as soluções para se aclimatar ou evoluir ou serão parte de uma extinção anunciada?
2) Para evitar os impactos das alterações climáticas sobre os seus habitats, várias espécies estão paulatinamente a alterar a sua área de distribuição, deslocando-se para maiores latitudes, em busca de zonas termicamente favoráveis. É comum vermos na nossa costa várias espécies que denominaríamos como (sub)tropicais, enquanto outras, parte dos nossos recursos tradicionais, ocorrem hoje nos mares do centro e norte da Europa. Estas novas espécies poderão estabelecer-se e competir comas espécies locais levando à diminuição das suas populações e eventual extinção. Outras foram trazidas pela acção humana e encontram agora neste novo ambiente condições ótimas, especialmente se as alterações climáticas os favorecerem. Um caso emblemático no Mediterrâneo e para Portugal é o caranguejo-azul, que para além dos impactos sobre o ecossistema ameaça ser uma ameaça à economia baseada na moliscicultura.
3) Os impactos das espécies invasoras nos cursos de água em Portugal foram grandemente negligenciados no século XX, durante o qual alguns destes peixes foram inclusivamente introduzidos pelas autoridades com responsabilidade no ambiente. Hoje ameaçam a fauna piscícola ibérica, uma das mais singulares da Europa, por predação, competição ou mesmo por hibridação com as espécies nativas. A sua distribuição acelera por mão humana mas também porque aumentam as áreas com condições mais favoráveis à sua proliferação, em paradoxo com a redução dos caudais e aumento da intermitência dos rios, nomeadamente no sul do país, consequência em grande medida das alterações climáticas mas também pelo uso excessivo e constrangimentos feitos nas massas de água. Que condicionantes biológicas e ambientais serão relevantes para definir vencedores e perdedores nestes cenários?
Todas as espécies correm para a extinção, mas agora algumas correm mais rápido e outras são apanhadas de surpresa.
Contudo, o consumidor continua a ter muita desconfiança dos produtos de aquacultura, havendo até mitos sobre estes produtos. Grande parte da desconfiança resulta da falta de conhecimento sobre a produção em aquacultura. É neste contexto que surge o álbum de banda desenhada “O caminho para a Aquacultura”. Nesta palestra falaremos sobre o que é a aquacultura, a diversidade de estruturas de cultivo, as espécies que se cultivam e as condições do cultivo, bem como a investigação desenvolvida para aprofundar o conhecimento sobre as espécies, sobre as metodologias, para assegurar a sustentabilidade do cultivo, e de garantia para o futuro dos recursos aquáticos. Sobretudo é importante dizer que o pescado de aquacultura é uma excelente fonte de proteína, vitaminas e minerais, sujeito a apertado controlo de segurança alimentar."
Atualmente é investigadora no IPMA. Lisboeta de nascimento, rumou ao Porto, para tirar a licenciatura em Ciências do Meio Aquático (1989), no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar. A frase do versátil Abel Salazar de que “Um médico que só sabe medicina, nem medicina sabe” tem sido o seu lema de vida. Ruma para Sul, onde continua a formação académica com um mestrado em Estudos Marinhos e Costeiros (1994), seguido de um doutoramento em Aquacultura, especialização em Nutrição (2003), ambos pela Universidade do Algarve. A investigação desenvolvida tem incidido sobre aspetos relacionados com o desenvolvimento de larvas de peixes marinhos, a nutrição e o bem-estar dos peixes, bem como a sustentabilidade dos métodos de produção. Através de uma abordagem holística e multidisciplinar tem tentado compreender melhor os mecanismos biológicos e fisiológicos do desenvolvimento dos peixes marinhos. Entende que a divulgação da sua atividade profissional deve contribuir para desconstruir mitos e permitir a comunidade tomar decisões conscientes.
Bruno Pinto, é comunicador de ciência e investigador na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, com interesse especial em temas como a biodiversidade e as alterações climáticas. Desde 2016, é investigador no Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE), dedicando-se sobretudo à área de comunicação sobre mar.
Quico Nogueira, apesar de ter trabalhado alguns anos como engenheiro civil, decidiu seguir a sua paixão pela ilustração, banda desenhada, cinema e animação. Desde 2009 tem vindo a desenvolver actividade nessas áreas, tendo obtido vários prémios nacionais.
Dia 23 de Novembro, às 19h30
Terrain Vagues | Blooming Landscapes- neuMERZ
"Terrain Vagues | Blooming Landscapes" é um projeto audiovisual que combina elementos jornalísticos e documentais. Explora os espaços urbanos abandonados, negligenciados e frequentemente esquecidos, conhecidos em alemão como "Stadtbrachen", "Baulücken" ou "Restflächen."
Inspirado pelos pós-estruturalistas franceses, que entendem "Terrain Vagues" como paisagens desertas e abandonadas em áreas urbanas, pretendo criar uma série de obras audiovisuais que abordem este fenómeno. O plano é produzir uma série de 12 episódios, exclusivamente ambientada na Expo Plaza, interagindo com os diversos edifícios do local. Cada episódio terá o seu próprio tema.
O projecto também examina os elementos utópicos do domínio virtual, que emergiram com a invenção dos computadores pessoais e da internet nos anos 1990 e início dos anos 2000. Esta visão utópica deu lugar a uma realidade distópica, em que o capitalismo penetrou o mundo digital.
No Lisboa Incomum, o neuMERZ apresentará uma performance audiovisual baseada no material recente recolhido durante o processo de trabalho em "Terrain Vagues".
neuMERZ
Dia 24 de Novembro, às 14h30
Dia 24 de Novembro, às 16h00
Inérzio Macome , cello
Fábio Chicotio e António Narciso: Recycled Classics (ca. 3’)
Sergio Kafejian: Circulares, (ca. 9’)
Rodrigo Freitas, trombone
Cristóvão Almeida electrónica em tempo real
Vera Carvalho: a musical poem over spring (ca.4)
Vera Carvalho, guitarra