Música de Manuella Blackburn, Konstantinos Karathanasis, José Carlos Sousa e Åke Parmerud
Inicialmente como uma ‘brincadeira’, e cruzando o background académico em Psiquiatria Transcultural, Antropologia e Psicologia Clínica, o amor por Portugal e alimentação, Sílvia Olivença, fundou um projeto de experiências gastronómicas e culturais, em Lisboa, designado por Oh! My Cod. Desde 2017, tem trabalhado com comunidades locais, num modelo de slow food travel, composto por experiências gastronómicas e culturais, com pequenos grupos de viajantes e interessados. Através destas experiências os convidados são conectados com questões sociais e culturais, de uma forma divertida e gastronómica, onde o pensamento crítico, a sustentabilidade e o ecletismo predominam. Atualmente, a equipa recebeu mais de 60 mil convidados e foram recentemente premiados como melhor Projeto de Touring Cultural pelos Prémios Património Ibérico. Considerando a Oh! My Cod como um dos “gatekeepers” da cultura gastronómica, vamos nesta apresentação explorar de que forma promovem o património alimentar e a sustentabilidade através das suas actividades.
A Herdade do Couto da Várzea, em Idanha-a-Nova, é o centro nevrálgico da recuperação de sementes das mais diversas variedades de hortícolas, ervas aromáticas e flores. Todo o procedimento é feito através da certificação em modo de produção biológico e em agricultura biodinâmica.
Enquanto compunha esta peça, comecei a pensar na analogia da alquimia e na sua aplicabilidade ao processo de composição da música acusmática. Queria criar algo aparentemente precioso e elaborado que não mostrasse qualquer semelhança com os sons de origem comum dos utensílios e electrodomésticos de cozinha. Uma caraterística fundamental desta peça é a utilização de uma ferramenta de composição desenvolvida a partir da linguagem espectromorfológica de Denis Smalley, com o objetivo de criar processos estruturais e frases dentro da obra. Especificamente nesta peça, há um foco em estruturas criadas a partir de uma variedade de combinações de vocabulário de início, continuação e fim. A experimentação com este vocabulário informou a criação de pequenas unidades que se desenvolveram em frases e, eventualmente, em estruturas de maior escala que crescem para fora, ligando-se umas às outras.
Sílvia Olivença em 2016 criou a empresa Oh! My Cod, criou diversas experiências gastronómicas e tornou-se anfitriã, com o intuito de partilhar a sua paixão pelas pessoas, pelas viagens, e por interligar a gastronomia Portuguesa com a cultura e o povo.
Paralelamente, Silvia é uma psicóloga clínica transcultural, especialmente dedicada a migrantes e refugiados, tendo-se formado em psicologia e mais tarde feito um doutoramento em Antropologia.
Em termos de pesquisa e investigação, sobretudo etnográfica, além da clínica, Silvia interessa-se particularmente pela antropologia da alimentação, cultura gastronômica, antropologia do movimento slow food e cultura/língua árabe.
|
Sílvia Olivença |
Isabel Barrote. Após a conclusão da licenciatura em Engenharia Hortofrutícola na Universidade do Algarve, trabalhou para a Direção Regional de Agricultura do Algarve. Um ano depois, em 1991, começou a trabalhar como Assistente-Estagiária na Universidade do Algarve, onde, em 2005, concluiu o doutoramento em Fisiologia Vegetal e se tornou Professora Auxiliar. Desde então, tem lecionado Fisiologia e Ecofisiologia Vegetal, desenvolvido pesquisa científica sobre as respostas das plantas ao stress, e supervisionado diversos trabalhos de fim de curso, mestrado e doutoramento. O seu trabalho tem sido divulgado através da participação em conferências e publicação de artigos científicos.
|
Isabel Barrote |
Amílcar Duarte é licenciado em Agronomia pelo Instituto de Agronomia V.V. Dokutchaev de Kharkov, tem mestrado em Citricultura pela Universidade Politécnica de Valencia e CIHEAM e doutoramento em Ciências Agrárias/Fruticultura pela Universidade do Algarve. Professor Auxiliar da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade do Algarve, onde exerce docência desde 1988, sobretudo na licenciatura em Agronomia e no mestrado em Hortofruticultura. Atualmente é diretor da licenciatura em Agronomia e membro do Conselho Geral da Universidade do Algarve. É também vice-presidente para a Fruticultura, da Associação Portuguesa de Horticultura. É investigador no Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento (MED-UAlg). Tem participado e coordenado projetos de investigação relacionados com a produção sustentável de citrinos, aumento da tolerância da cultura frente a ameaças fitossanitárias e alterações climáticas. Tem também desenvolvido trabalhos de investigação com outras culturas frutícolas como a pitaia e o abacateiro. Tem mais de 100 publicações técnicas e científicas.
|
Amílcar Duarte |
Manuella Blackburn é uma compositora de música electroacústica especializada na criação de música acusmática.
Estudou música na Universidade de Manchester (Inglaterra, Reino Unido) e completou um doutoramento em composição de música electroacústica com Ricardo Climent em 2010.
A sua música centra-se em detalhes intrincados, no agrupamento e disposição de pequenos sons e em mundos sonoros claros e polidos. Os seus pontos de partida para a composição são sons gravados de objectos, ambientes e instrumentos que entram em novas peças, transformando o comum em fantasia.
A música de Manuella tem sido apresentada em concertos, festivais, conferências e exposições em galerias na Argentina, Bélgica, Brasil, Canadá, Chile, Costa Rica, Cuba, França, Alemanha, Itália, Japão, Coreia, México, Portugal, Espanha, Suécia e EUA.
Recebeu uma série de prémios internacionais pela sua música acusmática, incluindo: Grande Prémio no Digital Art Awards (Fujisawa, Japão, 2007), Primeiro Prémio no 7º e 10º Concurso Internacional de Composição Electroacústica Música Viva (Lisboa, Portugal, 2006, '09), Primeiro Prémio no Musica Nova International Competition of Electroacoustic Music (Praga, República Checa, 2014), International Computer Music Association European Regional Award (Austrália, 2013), 3º Prémio no Diffusion Competition (Irlanda, 2008), Prémio do Público no Concurso Internacional de Composição Eletroacústica (CEMJKO, Brasil, 2007) e Menções Honrosas no Concurso do Centro Mexicano para la Música y las Artes Sonoras (CMMAS) (Morelia, México, 2008) e no Concurso Internacional de Música Eletroacústica de São Paulo (CIMESP'07, Brasil).
Atualmente, Manuella trabalha na Universidade de Keele (Inglaterra, Reino Unido) e é professora de Música Electrónica e Design de Som.
|
Manuella Blackburn |
Konstantinos Karathanasis é um compositor electroacústico que se inspira na poesia moderna, no cinema, na pintura abstrata, no misticismo, na mitologia grega e nos escritos de Carl Jung e Joseph Campbell. As suas composições foram apresentadas em numerosos festivais e receberam prémios em concursos internacionais, incluindo Musica Nova, SIME, SEAMUS/ASCAP, Música Viva e Bourges. As gravações da sua música foram lançadas pela SEAMUS, ICMA, Musica Nova, Innova, Equilibrium e HELMCA. Konstantinos tem um doutoramento em Composição Musical pela Universidade de Buffalo. Bolseiro da Fundação Stavros Niarchos para a primavera de 2020, é Professor de Composição e Tecnologia Musical na Universidade de Oklahoma. Mais informações em: http://karathanasis.org
|
Konstantinos Karathanasis
|
José Carlos Almeida de Sousa (Viseu, 1972) iniciou os seus estudos musicais no Conservatório Regional de Música Dr. José de Azeredo Perdigão, na sua cidade natal onde concluiu o curso geral de composição em 1995.
Em 1996, prosseguiu estudos na Universidade de Aveiro, onde concluiu a Licenciatura em Composição, em 2000, estudando composição e música electrónica com Evgueni Zoudilkine, João Pedro Oliveira e Isabel Soveral. Frequentou ainda vários seminários de composição e música electrónica orientados por Jorge Antunes, Alain Sève, Tomás Henriques, Flo Menezes, François Bayle e Emmanuel Nunes.
Em Junho de 2005 concluiu, também na Universidade de Aveiro, o Mestrado em Música, com especialização em composição, com a dissertação “O Timbre e suas Metamorfoses no Processo Composicional da Música Electroacústica”.
Leccionou na Universidade de Aveiro e no Instituto Piaget em Viseu. Foi, conjuntamente com Paula Sobral, organizador e director artístico do Concurso e Festival Internacional de Guitarra Clássica de Sernancelhe, durante 15 edições consecutivas.
Criou o Festival de Música da Primavera de Viseu, que organiza desde 2008, exercendo também o cargo de Director Artístico do Festival.
Em 1995, ganhou o primeiro prémio do 1º concurso de composição do conservatório onde estudou, com a obra infantil para piano Almofada.
No Concurso de Composição Electroacústica “Música Viva 2000”, foi agraciado com uma Menção Honrosa. Em Abril de 2001, a sua obra Viagem foi premiada no mesmo concurso, integrado então na Porto 2001 Capital Europeia da Cultura.
A sua música tem sido tocada em várias cidades portuguesas e em vários festivais de música: Festival Música Viva (Portugal), Primavera en La Habana (Cuba), Aveiro_Síntese, “33e Festival International des Musiques et Créations Electroniques” (Bourges), Concurso e Festival Internacional de Guitarra (Sernancelhe), 14th World Saxophone Congress (Eslovénia), “Guitarmania” – Festival Internacional de Guitarra Clássica (Almada), Festival de Guitarra de Palência (Espanha), Festival Dias de Música Electroacústica (Seia), “Síntese” – Ciclo de Música Contemporânea da Guarda, Festival Internacional de Guitarra de Santo Tirso, Festival Internacional de Música da Primavera de Viseu, 8e Festival International Guitar’Essonne (Paris), Dias de Música Electroacústica no Santa Cruz Air Race (Portugal), VIII Festival de la Guitarra de Sevilla, Tempo Reale Festival “Maratona Soundscape” (Florença) e Festival “The Soundscape we live in” (Corfu), entre outros.
Algumas das suas obras resultam de encomendas de instituições como Festivais Internacionais de Música, Universidades, Museus e Câmaras Municipais.
Actualmente é professor de composição no Conservatório de Música de Viseu, exercendo também o cargo de Director Pedagógico do Conservatório, desde 2004.
|
José Carlos Sousa |
Åke Parmerud seguiu uma bem sucedida carreira profissional na área da música contemporânea e ‘media art’ desde o final da década de 70.
Embora originalmente tenha estudado fotografia (1972-74), de seguida foi estudar música na universidade e posteriormente no Conservatório de Música de Gotemburgo.
Para além da sua música electroacústica e instrumental, a sua prolífica lista de obras inclui composições que abrangem a música experimental moderna nas áreas da dança, cinema, arte interactiva, multimédia, teatro e vídeo.
O trabalho de Åke tem sido aclamado desde que a sua peça "Proximities" recebeu o primeiro prémio no Festival Internacional de Música Electroacústica de Bourges, em 1978, em França. Desde então, recebeu 17 prémios internacionais e 3 relevantes prémios suecos.
Em duas ocasiões, recebeu igualmente o "Grammy" sueco para ‘Melhor Álbum Clássico do Ano’ e a sua música representou a Rádio Sueca duas vezes no Prix Italia.
Recebe regularmente encomendas de importantes instituições internacionais e as suas obras foram apresentadas em todo o mundo. Em 1997, a sua peça "Grains of Voices" foi apresentada na U.N, em Nova York, no dia das Nações Unidas.
A sua música foi lançada em vários álbuns e compilações e, em 1998, tornou-se membro da ‘Royal Academy of Music’ da Suécia.
Åke Parmerud não é apenas compositor, mas também artista de palco, apresentando concertos electroacústicos utilizando vários tipos de instrumentos interactivos - muitas vezes a solo. Viajou extensivamente na Europa, América do Norte e do Sul.
No final dos anos 80, associou-se ao compositor Anders Blomqvist, e as suas apresentações ao vivo - que incluíam fogo de artifício - foram bem sucedidas em toda a Europa até à década de 90.
Nos últimos dez anos, Åke trabalhou como designer inovador de software e de som para instalações áudio / visuais interativas. As suas obras "The Fire Inside", "The Living Room" e "Lost Angel" foram exibidas em Berlim, Gotemburgo, Leon, Cidade do México, Paris e Reykavic. Åke também projectou concertos e foi director artístico de grandes eventos de áudio / visual tanto em ambientes fechados como abertos.
A reputação artística de Åke levou a várias colaborações criativas internacionais. Entre 1999 e 2006, trabalhou em estreita colaboração com a "equipa de arte" dinamarquesa ‘Boxiganga’, desenvolvendo revolucionárias instalações de vídeo interactivo e explorando conceitos telemáticos e soluções interactivas para performances ao vivo. Em 2000, 2001 e 2002, também trabalhou com o coreógrafo canadiano Pierre-Paul Savoi como compositor, designer de som e software.
O seu mais recente trabalho, "Metamorphos”, foi desenvolvido em conjunto com a coreógrafa canadiana Mireille Leblanc, que também coreografou a instalação interactiva de som / vídeo "Lost Angel" e a premiada performance "The Seventh Sense".
Recentemente formou a AudioTechture com Olle Niklasson. Esta é uma empresa especializada em design acústico de interiores para diversos ambientes, desde casas particulares até espaços públicos.
A Audiotechture recebeu o prestigiado prémio de design Red Dot 2015.
|
Åke Parmerud
|
Jaime Reis (n. 1983) é um compositor português. Estudou Composição e Música Electroacústica com João Pedro Oliveira, Emmanuel Nunes e K. Stockhausen. Prosseguiu os seus estudos de doutoramento na Universidade Nova de Lisboa em Etnomusicologia.
A música de Reis é informada tanto pelo seu grande interesse pela investigação de ponta nas ciências naturais como pela sua atenção permanente às tradições musicais - e mesmo espirituais - asiáticas.
Um dos seus focos é a dinâmica das formas, forças e fluxos na música. Explora percursos polifónicos espaciais através de sistemas sonoros imersivos em forma de cúpula. Outra caraterística marcante da sua música é a presença de conceitos bastante complexos que estão na base da construção das suas peças, mas que em nada desviam a sua beleza sensível.
As ideias funcionam como funções ocultas que, apesar do seu rigor intelectual, geram formas musicais voluptuosas.
Jaime Reis é professor de Composição e Música Electroacústica na Escola Superior de Música de Lisboa (ESML) e investigador do Instituto de Etnomusicologia da Universidade Nova de Lisboa. É diretor artístico do Projecto DME e do Lisboa Incomum, que desenvolvem uma intensa atividade de investigação e criação em música contemporânea.
A sua música tem sido interpretada em todo o mundo por agrupamentos e músicos como Christophe Desjardins, Pierre-Yves Artaud, Aida-Carmen Soanea, Ana Telles, Ensemble Fractales, Ensemble Horizonte, Grupo de Música Contemporânea de Lisboa, Machina Lírica, Orchestre de Flûtes Français e Aleph Gitarrenquartett.
|
Jaime Reis |
Dia 24 de Novembro
Performance "Infinity garden" | Ricardo Almeida, Carlos Santos, Ângelo Cid Neto e Mariana Dias